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Lançamento | As Vilas e as Populações Caiçaras do Brasil


Sobre o Selo

O selo sintetiza a representação dos caiçaras do Brasil por meio de uma fotografia. A foto foi tirada em perspectiva do alto para baixo e mostra duas canoas caiçaras nas margens da água, apoiadas na terra. A canoa verde está com um emaranhado de redes de pesca, e na canoa azul é possível ver o remo e vários peixes espalhados e dentro de um balde. Um pescador está manuseando o recipiente, e à sua esquerda, na água, está mais uma rede de pesca. A moldura do selo traz um azul claro contrastando com a imagem. A técnica usada foi fotografia.


As vilas e as populações caiçaras do Brasil

O Caiçara, habitante das áreas litorâneas do sudeste e sul do Brasil, hoje delimitado pelos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná e de Santa Catarina, é um grupo culturalmente diferenciado e se reconhece como tal, mantendo ainda suas práticas ancestrais no tradicional território que ocupa desde tempos da colonização, configurando-se ainda em áreas verdes e biomas protegidos, verdadeiros santuários de preservação, resultantes desta secular relação cultura-natureza.

Personifica, o Caiçara, a rica miscigenação entre os povos originários, os colonizadores portugueses e, mais tarde, o negro africano, dos quais, herdando saberes da terra, do mar, do mato e conhecimentos do céu reproduz em seu dia a dia um constante modo de viver, exposto em suas práticas sociais, religiosas, econômicas e culturais e, dentre outras, no saber-fazer da Canoa Caiçara, nos festejos da Folia de Reis, na religiosidade da Romaria do Divino Espírito Santo, nas rodas de dança da Ciranda Caiçara e no próprio Fandango Caiçara que, no ano de 2012, fora reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil.

Saberes, fazeres, plantações, pescarias, culinárias, remédios, rezas e curas, um jeitinho particular de se expressar, de tocar e cantar, de vivenciar a musicalidade, a religiosidade e suas festividades, é o modo de vida simples, gente da terra, gente do mar, o Caiçara redesenha em tempos modernos aspectos de sua cultura, mantendo-se vivo em seu modo de ser e de pensar.

É uma força mística regida pelas tradicionais regras repassadas na oralidade pelos de d’antes que fazem do Caiçara, em seu território, encontrar alento para enfrentar as necessidades impostas com a modernidade e o passar dos anos, em lutas que vão desde o reconhecimento e reafirmação da sua identidade cultural, questões de especulação imobiliária, da pesca predatória, de turismo irresponsável, de equivocada legislação ambiental, enfim resistências referentes à permanência em seu próprio território e à manutenção de sua própria cultura.

Resiste-se festejando, forneando farinha de mandioca, pescando tainha, pegando caranguejo, tomando Cataia, banhando-se no rio e no mar. É o Caiçara, reconhecido Povo e Comunidade Tradicional do Brasil.


“NÓS CAIÇARAS UNIDOS NA LUTA

RECONHECIDOS QUEREMOS RESPEITO

NOSSO PASSADO É NOSSA CONDUTA

POR ISSO NÓS SABEMOS COMO É FEITO.


QUEM VEM DE FORA, TEM OUTROS VALORES

QUERENDO MUDAR NOSSA OPINIÃO

MAS, NÓS BATEMOS O PÉ POR COSTUME

MANTEMOS FIRME NOSSA TRADIÇÃO”

José Carlos Muniz


O desenvolvimento do selo “As vilas e populações caiçaras do Brasil” ocorreu de forma colaborativa desde o seu princípio. A própria definição do tema pela Comissão Filatélica Nacional é fruto de uma proposta apresentada pela população através do canal “Sua ideia pode virar selo”. Depois, por intermédio do projeto Paisagens Caiçaras, numa parceria entre Correios, IPHAN e UFPR, o processo de seleção de imagens sobre o tema também priorizou a participação social, através de uma chamada pública para envio de trabalhos de artes visuais que foi voltada especialmente a comunidades de nativos e moradores do território caiçara.

A partir dessa perspectiva de trabalho colaborativo, que buscou mobilizar olhares de dentro desse território geográfico e, ao mesmo tempo, simbólico, foram reunidas diversas expressões de quem vivencia a cultura caiçara no seu dia-a-dia. Uma produção poética que contribui com o próprio processo de construção e circulação dinâmica das múltiplas identidades caiçaras.

Ao todo 48 pessoas inscreveram-se e enviaram seus trabalhos para o projeto, formando um conjunto de 246 imagens que, na sua maior parte, correspondem a fotografias, e em menor número se utilizam de outras técnicas como pintura, gravura, desenho, e colagem digital. Deste conjunto, 223 trabalhos de 42 autores foram habilitados e analisados por uma equipe de curadoria integrada por educadores, fandangueiros, lideranças comunitárias, e gestores culturais do território caiçara, além de professores e pesquisadores da Universidade Federal do Paraná – UFPR, e técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.

A própria formação da equipe de curadoria respondeu a uma demanda por protagonismo e reconhecimento dos caiçaras, com a ampliação da participação social em todas as etapas de construção desse processo colaborativo. Para tanto, foram estabelecidas pontes de diálogo no território caiçara com o apoio de técnicos das Superintendências Regionais do Iphan, iniciando um trabalho de cooperação também em nível institucional que poderá ser mantido e ampliado à medida que outras ações de salvaguarda, reconhecimento e preservação do patrimônio cultural ocorram junto a suas comunidades.

Como são muitos os olhares para esta paisagem cultural, que mistura mato, mar e montanha, às vilas e populações que ali habitam e coabitam o ambiente natural com uma biodiversidade grandiosa, aporta-se ao lançamento deste selo especial uma exposição com o mesmo título, feita a partir da seleção de um conjunto de 25 trabalhos enviados para a chamada pública, no âmbito do projeto Paisagens Caiçaras. Dessa forma comemora-se a diversidade cultural presente no território caiçara, de muitos e ricos saberes e fazeres.


José Carlos Muniz (Paranaguá, Guaraqueçaba, Barra do Ararapira - PR), Cléber Rocha Chiquinho (Cananéia - SP), Camila Souza Quelhas (Diretora de Cultura de Bertioga - SP), Leila da Conceição (Liderança Comunitária da Praia do Sono/Paraty - RJ), Ronaldo Corrêa (Docente do Curso de Design da UFPR), Yasmin Fabris (Docente do Curso de Design da UFPR), Lia Ono (Técnica da Superintendência do Iphan no Paraná), Rafael Boeing (Técnico da Superintendência do Iphan no Paraná), André Bazzanella (Iphan-SP), Marycléa Neves (Iphan-SP), Carla Cruz (Iphan-SC) e Rafael Nascimento (Iphan-RJ)


Detalhes Técnicos

Edital nº 10

Foto: Daniel Chapaval

Co-autora: Mariana Balduzzi

Arte Finalização: Lidia Marina Hurovich Neiva - Correios

Processo de Impressão: Ofsete

Papel: cuchê gomado

Folha com 12 selos

Valor facial: R$ 2,35

Tiragem: 96.000 selos

Área de desenho: 40 x 30mm

Dimensão do selo: 40 x 30mm

Picotagem: 11,5 x 12

Data de emissão: 1º/7/2022

Local de lançamento: Guaraqueçaba/PR

Impressão: Casa da Moeda do Brasil



 

Special Postal Issue | The villages and Caiçara populations of Brazil


About the Stamp

The postage stamp synthesizes the representation of the Caiçara of Brazil through a photograph. The photo was taken in perspective from top to bottom and two caiçara canoes on the banks of the water, preserved on land. The green canoe has entangled fishing nets on it and on the blue one is possible to see the paddle and several fishes out and inside the bucket. A fisherman is handling the container, and to his left, in the water, is another fishing net. The postage stamp frame has a light blue contrasting with the image. The technique used was photography.


The villages and Caiçara populations of Brazil

The Caiçara, inhabitant of the coastal areas of Southeast and South of Brazil, today delimited by the states of Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná and Santa Catarina, is a culturally differentiated group and is recognized as such, still maintaining its ancestral practices in the traditional territory that it has occupied since colonization times, still configuring itself in green areas and protected biomes, true sanctuaries of preservation, resulting from this secular culture-nature relationship.

The Caiçara personifies the rich miscegenation between the native peoples, the Portuguese colonizers and, later, the African black people, from whom, inheriting knowledge of the land, the sea, the forest and knowledge of the sky, reproduces in its day-to-day a constant way of living, exposed in its social, religious, economic and cultural practices and, among others, in the know-how of the Canoa Caiçara, in the festivities of the Folia de Reis, in the religiosity of the Romaria do Divino Espírito Santo, in the dance circles of the Ciranda Caiçara and in the Fandango Caiçara itself, which, in 2012, was recognized as a Cultural Heritage of Brazil.

Knowledge, practices, plantations, fishing, cooking, medicines, prayers and cures, a particular way of expressing themselves, of playing and singing, of experiencing musicality, religiosity and their festivities, is the simple way of life, people of the land, people of the sea, the Caiçara redesigns aspects of its culture in modern times, keeping itself alive in its way of being and thinking.

It is a mystical force governed by traditional rules passed on orally by those who lived before that make the Caiçara, in its territory, find the courage to face the needs imposed by modernity and the passing of the years, in struggles that range from the recognition and reaffirmation of its cultural identity, issues of real estate speculation, predatory fishing, irresponsible tourism, mistaken environmental legislation, in short, resistance related to staying in their own territory and maintaining their own culture.

They resist celebrating, providing cassava flour, fishing mullet, catching crab, drinking Cataia, bathing in the river and the sea. It is the Caiçara, recognized Traditional People and Community of Brazil.


“WE CAIÇARAS UNITED IN THE FIGHT

RECOGNIZED, WE WANT RESPECT

OUR PAST IS OUR CONDUCT

THAT’S WHY WE KNOW HOW IT’S DONE.


WHOEVER COMES FROM OUTSIDE, HAS OTHER VALUES

WANTING TO CHANGE OUR OPINION

BUT, WE STAND STRONG, AS USUAL

WE KEEP OUR TRADITION ALIVE”

José Carlos Muniz


The development of the stamp “As vilas e populações caiçaras do Brasil” (“The villages and caiçaras populations of Brazil”) happened collaboratively from the beginning. The very definition of the theme by the National Philatelic Commission (Comissão Filatélica Nacional) is the result of a proposal presented by the population through the channel “Your idea can become a stamp”. Then, through the Paisagens Caiçaras project, in a partnership between Correios, IPHAN and UFPR, the process of selecting images on the theme also prioritized social participation, through a public call for sending visual arts works that was aimed especially at communities of natives and residents of the Caiçara territory.

From this perspective of collaborative work, which sought to mobilize views from within this geographical territory and, at the same time, symbolic, several expressions of those who experience the Caiçara culture in their daily lives were gathered. A poetic production that contributes to the very process of construction and dynamic circulation of multiple caiçara identities.

A total of 48 people signed up and sent their works to the project, forming a set of 246 images that, for the most part, correspond to photographs, and in a smaller number, use other techniques such as painting, engraving, drawing and digital collage. From this set, 223 works by 42 authors were qualified and analyzed by a curatorship team integrated by educators, fandangueiros, community leaders and cultural managers of the Caiçara territory, as well as professors and researchers from the Federal University of Paraná – UFPR, and technicians from the National Institute of Historic and Artistic Heritage – Iphan.

The very formation of the curatorship team responded to a demand for protagonism and recognition of the caiçaras, with the expansion of social participation in all stages of construction of this collaborative process. To this end, dialogue was established in the Caiçara territory with the support of technicians from Iphan’s Regional Superintendencies, initiating cooperation work also at an institutional level that could be maintained and expanded as other actions to safeguard, recognize and preserve the heritage cultural events take place in their communities.

As there are many looks at this cultural landscape, which mixes forest, sea and mountains, the villages and populations that live there and cohabit the natural environment with a great biodiversity, an exhibition with the same title is contributed to the launch of this special stamp, made from the selection of a set of 25 works sent to the public call, within the scope of the Paisagens Caiçaras project. Thus, the cultural diversity present in the Caiçara territory, with many and rich knowledges and practices, is celebrated.


José Carlos Muniz (Paranaguá, Guaraqueçaba, Barra do Ararapira - PR), Cléber Rocha Chiquinho (Cananéia - SP), Camila Souza Quelhas (Director of Culture of Bertioga - SP), Leila da Conceição (Praia do Sono Community Leadership / Paraty - RJ), Ronaldo Corrêa (Professor of the Design Course at UFPR), Yasmin Fabris (Professor of the Design Course at UFPR), Lia Ono (Technician of the Iphan Superintendence in Paraná), Rafael Boeing (Technician of the Iphan Superintendence in Paraná), André Bazzanella (Iphan-SP), Marycléa Neves (Iphan-SP), Carla Cruz (Iphan-SC) and Rafael Nascimento (Iphan-RJ)


Technical Details

Stamp issue N. 10

Photo: Daniel Chapaval

Co-author: Mariana Balduzzi

Art-finishing: Lidia Marina Hurovich Neiva - Correios

Print system: offset

Paper: gummed chalky paper

Sheet with 12 stamps

Facial value: R$ 2.35

Issue: 96,000 stamps

Design area: 40 x 30mm

Stamp dimensions: 40 x 30mm

Perforation: 11.5 x 12

Date of issue: July 1st, 2022

Place of issue: Guaraqueçaba/PR

Printing: Brazilian Mint

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