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História de uma carta - Cartas da Província Cisplatina | Klerman Lopes

Atualizado: 30 de mar. de 2020

Klerman Wanderley Lopes


Apresentação

A exemplo do que vi em publicações estrangeiras, tentarei reproduzir, nas edições do Clube Filatélico do Brasil, alguns aspectos que me chamaram a atenção em cartas das minhas coleções de História Postal brasileira do século XIX. As correspondências circuladas foram, em muitas ocasiões, submetidas aos acontecimentos históricos, econômicos, acidentes naturais ou não, dificuldades nas rotas postais e etc., despertando a curiosidade do colecionador quando da sua análise. Inicio pelas minhas peças mais antigas com uma história para contar.

Cartas da Província Ciaplatina

Breve resumo histórico:

No vácuo provocado pela derrubada do poder real da Espanha pelas tropas de Napoleão Bonaparte, D. João VI tratou de evitar a tomada da banda oriental do Rio da Prata pelos insurretos argentinos, comandadas por Jose Gervasio Artigas. Assim é que em 1816 enviou àquela região a “Divisão dos Voluntários Reais”, comandados pelo general Carlos Frederico Lécor. As escaramuças prosseguiram até que, em 1820, a vitória na batalha de Tacuarembó estabeleceu o domínio do Brasil na região. Um congresso local sancionou em 18 de julho de 1821 a incorporação da chamada “Província Cisplatina”, hoje Uruguai, ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Após várias revoltas e gestões de sua população com a interveniência da Inglaterra, o Uruguai conquistou a sua Independência em 4 de outubro de 1828, com a ratificação do Tratado do Rio de Janeiro.

A seguir, apresento os aspectos puramente filatélicos de duas cartas endereçadas por cidadão da Província Cisplatina, ainda território brasileiro, a um deputado da Assebléia Nacional da França. Seus textos dão conta da situação política da região e das negociações para a criação de um Estado uruguaio independente.


Carta de Manga (subúrbio de Montevidéu), escrita em 20 de julho de 1827 e endereçada a Paris. Transportada por navio de comércio. Entrada na França por Bordeaux, onde recebeu a marca de entrada “COLONIES / PAR BOR- DEAUX” e a taxa manuscrita de 28 décimos, correspondente a 1 décimo pela taxa de “via de mar” acrescido de 28 décimos pelo trajeto interno de Bordeaux a Paris (sétimo porte de 25 a 30g para uma distância de 500 a 600 Km

  • Lei de 4 de abril de 1806). O peso de 25g da carta encontra-se manuscrito no alto da carta, à esquerda. No seu verso, carimbo de chegada à Paris de 27 de outubro de 1827.


Carta do mesmo remetente, escrita em 20 de abril de 1828 e endereçada a Paris. Transportada por navio de comércio. Entrada na França pelo porto de Le Havre, onde recebeu a marca de entrada em vermelho “PAYS D’OUTREMER / PAR LE HAVRE”, o carimbo circular datador de 13 de julho e a taxa manuscrita de 9 décimos, correspondente a 1 décimo pela taxa de “via de mar” acrescido de 8 décimos pelo trajeto interno até Paris (quarto porte de 11 a 15g para uma distância de 100 a 200 Km - Lei de 4 de abril de 1806). No seu verso, carimbo de chegada à Paris em 15 de julho de 1828.


Artigo gentilmente cedido pelo autor.

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